Na ágora paraibana reina a impressão de que o governador João Azevêdo (PSB) perdeu o controle dos aliados. Ilustram o raciocínio a perda de Lígia Feliciano, Veneziano Vital e de Efraim Filho e as dissidências de integrantes do Republicanos, o maior partido da base aliada.
Talvez porque João não exerce o poder com mandonismo, no nível que alguns chamam pomposamente de liderança, fatos como esses certamente não seriam tolerados em governos antecessores, onde a autoridade se confundia com autoritarismo e mão de ferro pesava nas tintas do Diário Oficial.
O preço, portanto, pode estar sendo o da sensação de que aliados ou pretensos apoiadores podem tudo. Inclusive, criar dificuldades, embaraços e flexibilizar alianças até com adversários. Os impasses na formação de chapa estão aí para comprovar e desafiar a moderação de João.
Mas, e se o governador decidir dar um cavalo de pau na política de alianças? Como assim? Se João chutar o pau da barraca e assumir de vez as rédeas para fazer uma chapa disruptiva? Se ele sair da camisa de força do histórico poderio dos sobrenomes?
Se ele costurar uma aliança separada das forças tradicionais, cujo modelo de negociação é – no geral – divorciado do que pensa e espera a população? Se João disser “não” a lógica cartorial para oferecer a Paraíba a oportunidade de votar em pessoas e perfis fora da antiga política, como ele próprio?
Em português, claro! E se o governador decidir fazer sua chapa dentro do seu próprio campo com partidos e personalidades identificadas com seu estilo e com o seu governo? E se João formar um time diferenciado e entregar nas mãos dos paraibanos e paraibanas o plebiscito para escolher o tipo de política, políticos e governantes que o estado quer.
É muito arriscado? É. Mas quem está ameaçado pelo risco das pressões e barganhas pode ser impulsionado a sair da zona de perigo e fazer um caminho que ninguém espera. Convém lembrar: a última década da política paraibana produziu muitas mudanças. O eleitor mudou, mas – teimosamente – as velhas forças continuam as mesmas. Subestimando o novo e as transformações.
E se for exatamente essa ruptura que a Paraíba – cansada das caras e das práticas de sempre – espera de 2022?