Concretizado o plano de retaliação contra o deputado estadual Anísio Maia. A Comissão de Ética do Diretório Nacional decidiu pela suspensão partidária do parlamentar por seis meses.
Na prática, o prazo tem um acabamento com destino pré-concebido para atingir o objetivo sob medida: tirar legalmente a possibilidade do deputado tentar sua legítima reeleição. A decisão só veio agora, com tempo exato suficiente para remover o parlamentar do pleito vindouro.
Como é sabido, referendado pela maioria esmagadora do diretório municipal, Anísio Maia disputou a Prefeitura de João Pessoa.
O diretório e Anísio cometeram o crime de lesa pátria de manter a candidatura e não ceder a postulação de última hora do candidato de outra sigla, o PSB.
Anísio e o diretório praticaram a imperdoável insubordinação de não votar e nem fazer esteira para um postulante que disputava com tornozeleira no calcanhar.
O diretório e Anísio são acusados da terrível rebeldia de resistir a ir às ruas levantar a bandeira de um candidato que estava debaixo de medidas cautelares, acusado, com delações e gravações de viva voz, de liderar um esquema de corrupção a partir da sangria de recursos da saúde pública paraibana.
Fundador do PT e que jamais teve qualquer outra filiação partidária, Anísio Maia sofre hoje um duro golpe. Um tiro contra quem entregou sua vida inteira ao PT, seu primeiro e único partido e do qual nunca saiu para as conveniências de ocasião. E, portanto, também nunca precisou regressar para igualmente atender suas necessidades de poder.
Intimado a deixar o PT, se quiser ter o direito sagrado da reeleição, Anísio precisará respirar fundo, segurar o choro e arrumar as malas. Como fez um dia, na década de 70, quando escolheu o amargo da clandestinidade para lutar por democracia. A tal democracia que hoje o PT diz na retórica que quer restabelecer no Brasil, enquanto para dentro de si pratica a pior face do autoritarismo. Quanta ironia!