Prometida pelo imperador Pedro II, no século XIX, o mega projeto da transposição das águas do Rio São Francisco, a maior obra de engenharia hídrica da América Latina, após 15 longos e tenebrosos anos finalmente foi concluído.
Desde o início do ano as águas do Velho Chico já fluem em abundância nas regiões de São José de Piranhas, Cajazeiras e Sousa trazendo para os sertanejos um misto de sensações que envolvem triunfo, angustia e frustração.
Triunfo por contemplar, tocar, beber e se banhar naquelas abençoadas águas. Angustia por ver e sentir que a cada dia desconhecer como ter acesso as essas águas. Frustração após essa longa espera permanecerem passando fome e sede na terra de Canaã.
De fato, essa sensação de frustração é aguçada quando voltamos para anos 90 com o lançamento do projeto de irrigação da barragem Lagoa do Arroz, no município de Cajazeiras, que propunha a autossuficiência na produção de hortigranjeiros para abastecer todo alto Sertão paraibano. O que aconteceu? Nada. Não temos lá nenhum pé de coentro. Um desastre! Continuamos vergonhosamente sendo abastecidos por Petrolina e pela CEASA de Campina Grande. O trauma da Lagoa do Arroz ainda continua vivo e assombrando e desestimulando a atração de investimentos no agronegócio. Precisamos reagir!
A chegada dessas águas nos oferece a oportunidade única de cobrar das nossas autoridades respostas urgentes. A gritante falta de planejamento, clareza e objetivos das instituições envolvidas na gestão dessas águas potencializam ainda mais a nossa angústia. Afinal, além para consumo humano, animal e para agricultura familiar, como se dará o aproveitamento racional e sustentável dessas águas:
1-O pequeno e médio produtor rural terão acesso as essas águas para irrigação?
2-Em caso positivo: a tarifa dessas águas será subsidiada?
3-Como se dará a assistência técnica e apoio creditício para implementar esses projetos de irrigação?
4-Teremos alguma escola agrotécnica para capacitação de nossos jovens, futuros empreendedores do agronegócio?
5-Será oferecido linha de crédito para fomentar o turismo, com a implantação de Hotéis fazenda, restaurantes e empresas de locação de equipamentos náuticos como também um grande projeto de piscicultura, com tanques-rede, em larga escala, nas barragens da Boa Vista e Engenheiro Avidos?
Essas respostas e outros importantes questionamentos serão abordados em um momento único durante o Seminário “Transposição do São Francisco-Oportunidades de Desenvolvimento da Região do Sertão” a ser realizado em Cajazeiras, na próxima quinta-feira (24), promovido pelo SEBRAE e Fecomércio PB com o apoio da Sociedade Civil de Cajazeiras e região.
Chega de discussões estéreis! Entendo que essa é a grande oportunidade de transformarmos esse evento num vigoroso instrumento pressão para arrancarmos das autoridades e instituições presentes nesse evento, compromissos e ações concretas e definitivas condensadas num documento a ser transformado num grande pacto regional de desenvolvimento: o Pacto das Águas.
*Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, presidente da CDL CZ, diretor da Fecomércio PB e membro efetivo e fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras-ACAL