Aqui e acolá a gente se pega reflexivo sobre propósito e projetos de vida. Em determinada fase cronológica, essas perguntas se avolumam em ritmo frequente diante de novos desafios e ciclos.
O jornalismo para mim tem sido resposta cotidiana. Nele, vivo um ofício que não me permite conformismo de apenas noticiar e analisar fatos, bisbilhotar furos ou entrevistar gente importante, mister da profissão.
Fustigar debates de interesses coletivos, enxergar pessoas, dar voz a histórias escondidas e sentir a dor e emoção do outro fazem todo o sentido cada vez que as inquietações insistem em bater à porta.
Mais do que o coração, a consciência.
Já entrevistei bastante. Artistas, políticos, candidatos, profissionais liberais, pesquisadores e anônimos. De cada um é possível extrair algo a mais, um quê ainda a ser garimpado, o humano por trás da fama.
Em Patrick Dorneles vivi uma das maiores emoções dos meus 15 anos de atuação profissional no rádio, televisão, jornal e internet.
Portador de uma síndrome desde quando veio ao mundo, Patrick já é uma figura conhecida. Sua própria existência é um milagre diário há quase 25 anos.
Mas poder ouvir de perto, face a face, a batalha que culminou com a ascensão da primeira pessoa com doença rara ao Congresso Nacional fez toda diferença.
Testemunhado pelo pai, Everton, e pela assistente social Saionara Araújo, o depoimento daquele que foi condenado à morte assim que nasceu e está para ser futuro deputado federal pela Paraíba arrebatou-me por inteiro.
De repente, com seu exemplo de fé, humildade e perseverança, o próprio Patrick virou a própria luz do estúdio. Ninguém no ambiente segurou a emoção.
A entrevista começou com um dever. Terminou com um abraço. Um abraço que tocou em mim e falou muito mais do que os 36 minutos de gravação. Daquelas coisas raras da vida. Aquilo que o jornalismo me presenteia e que faz valer a pena.
Confira a entrevista completa em vídeo: