Quando deu longa entrevista ao autor deste Blog no ano passado, o ex-prefeito Luciano Cartaxo avisou: anunciaria sua escolha e decisão sobre candidatura no segundo semestre de 2021.
Com 45 dias de atraso, Cartaxo anunciou que vai disputar uma vaga de deputado estadual, o que já era esperado por quem conhece seu comedido estilo.
A postulação ao governo tinha chance mínima nos cálculos de um político pragmático, como Luciano. Mesmo na eventualidade de ter o privilegiado apoio do ex-presidente Lula.
Se não foi candidato ao Palácio no seu melhor momento e quando as pesquisas lhe credenciavam o diferencial de líder das intenções de voto, não seria muito menos agora, depois de deixar a prefeitura sem fazer sucessor e sem um grupo para chamar de seu.
A escolha foi, notadamente, acertada. Ele precisa de um mandato, de um espaço seguro e de uma tribuna para fazer o que parece ser sua prioridade; oposição ao governo de Cícero Lucena e consequente plataforma para voltar a disputar à prefeitura de João Pessoa, onde tem reconhecido e relevante serviço prestado.
A opção foi bem ao estilo Luciano de ser. Conservador nas decisões e pouco afeito a riscos. Não se tem notícia de um movimento arriscado na já longeva e vitoriosa carreira do filho natural de Sousa.
Quando foi candidato a vice-governador, estava amparado na Câmara Municipal como vereador. Quando se lançou à prefeitura da capital, tinha o benefício de ser estadual com mandato assegurado em caso de insucesso.
A disputa em 2018 seria um movimento de tudo ou nada, a partir da desincompatibilização. Cartaxo não ousou. Ficou com o pássaro na mão. Se em 2022, não conta com um mandato já seu para perder, mas tem um quase certo a arriscar. E dessa segurança o ex-prefeito, novamente, não abriu mão.
Como foi em 2018, agora em 2022 Luciano está sendo Cartaxo. E o seu olhar mira 2024, quando deverá disputar em João Pessoa. Amparado pelo mandato de estadual e, mais uma vez, sem riscos.