Tava na cara que a ala mais radical do bolsonarismo não deixaria passar a oportunidade gerada pelo caso da vacinação ilegal e criminosa de crianças com doses vencidas de adultos em Lucena.
O episódio no Litoral Norte da Paraíba caiu na bandeja de setores do governo e aliados do presidente em feroz litigância contra a imunização infantil.
O ato patrocinado isoladamente, até onde se sabe, por uma vacinadora, diante da omissão ou incompetência da Prefeitura local para inibi-la, era tudo que a turma anti-vacina precisava para espalhar mais dúvidas e desinformação.
Quando o ministro Marcelo Queiroga disse de viva voz que o presidente Bolsonaro pediu “atenção especial” para o caso da Paraíba, já estava acesa a primeira luz amarela.
A inserção da histriônica deputada Carla Zambelli (PSL-SP) cravou as digitais ainda mais. O próprio presidente Bolsonaro entrou no tema em entrevistas e deixou a politização clara como a luz do dia.
Nem sob encomenda, a coisa sairia melhor; uma vacinação clandestina em crianças, realizada em dezembro quando nem vacina autorizada havia, totalmente fora do programa de imunização e de qualquer critério técnico, com doses adultos e vencidas, e a cereja do bolo… No território de um estado governado por um adversário.
A tempestade perfeita para quem aposta no vírus do medo e da dúvida. Para quem trabalha contra a imunização, apesar de bancá-la – forçosamente – com o dinheiro público.