Deu o esperado. Nem mais e nem menos. Alguém duvidava que as festas privadas devidamente autorizadas pelo poder público terminariam em grandes aglomerações sem qualquer protocolo?
Alguém imagina que no meio de uma badalação a plateia, em plena agitação e com algumas doses de álcool no juízo, vai se lixar para uso de máscara e distanciamento social?
É como pedir ao cliente do restaurante ou bar para manter a proteção enquanto bebe ou come. Só que, diferente de bar e restaurante, a festa presencial é, por natureza, ambiente de aglomeração. E, óbvio, de propagação de qualquer vírus.
A proibição do reveillon e carnaval nas ruas e seguida liberação de eventos do gênero em espaços particulares foi até aqui a maior contradição das autoridades sanitárias, incluindo a Paraíba, na resistente pandemia, agora incrementada com nova gripe.
Grosseiramente falando, apenas trocou-se a possibilidade de circulação do vírus na avenida pelo risco de contágio nas arenas pomposa e coloridamente cercadas. Cientificamente, um enxugamento de gelo.
A rigor, ou liberava tudo ou proibia tudo, se a preocupação fosse realmente a prevenção sanitária. O vírus que pega o povo na rua, bafeja o bacana no camarote. E se espalha do mesmo jeito.
Então, sejamos sinceros, não convence e nem sensibiliza a repentina preocupação das autoridades estaduais e municipais com imagens de muita gente misturada em festivais de música. Surpresa seria o clima de missa.
Esperavam pessoas pulando ao som dos hits do momento bem comportadas, respeitando dois metros de distância, com álcool em gel no bolso e máscara bem ajustada no rosto suado em pleno verão litorâneo? Paciência.
O lúcido alerta do deputado Ruy Carneiro (PSDB) é válido e merece atenção, reflexão e medidas dialogadas com as coordenações dos eventos e população para conter abusos. Mas, depois do estouro da boiada, conscientizar e fiscalizar funciona mais do que a já cansativa proibição e os desgastados decretos.
Se os técnicos e gestores deveriam ter acumulado relativa experiência para prever o óbvio, o cidadão tem tempo suficiente de pandemia para saber riscos e assumir consequências. Afinal, até quando o estado brasileiro vai precisar segurar na mão de gente grande, barbada e adulta como se criancinha fosse?