Até entrar na mesa de negociação hoje com o governador João Azevêdo (Cidadania), a Polícia Militar da Paraíba tinha um penduricalho no contracheque chamado pomposamente de Bolsa Desempenho. Um arremedo na composição do soldo que o policial perde quando se aposenta.
Quando saíram, representantes da categoria tinham uma proposta: reajuste de 10% para logo e incorporação gradativa de 80% dessa bolsa no salário, num escalonamento de 36 meses. No mundo ideal, a Polícia merece muito mais. No mundo real, o anúncio depois do exaustivo debate entre governo e líderes do segmento é um passo concreto e significativo na reparação da defasagem.
Se for ouvida a opinião de oficiais e representantes dos policiais, como fez o Blog, o parecer sóbrio é de razoabilidade da sugestão que guarda certa e natural margem de evolução para um próximo encontro.
Mas, se o parâmetro for a reação de agentes políticos envolvidos no embate, nem a incorporação de 100% da tal bolsa, num passe de mágica do dia para noite, se fosse matematicamente possível, aplacaria os ânimos. Porque, nesse caso, tem quem se interesse mais na crise do que na solução.
A PM tem até a próxima rodada de negociação para fazer sua soberana escolha. Se mantém a corda esticada e fica com o penduricalho ou se levanta da negociação com uma conquista palpável. Se age com lucidez e garante o incremento do soldo no bolso ou se radicaliza e perde a chance só para sustentar discurso de quem contracheque, farda, viatura e rua não são problema.