Amor de uma vida, paixão de todo dia – Heron Cid
Crônicas

Amor de uma vida, paixão de todo dia

2 de dezembro de 2021 às 16h45 Por Heron Cid

Por maior que seja o esforço, nunca lembro com exatidão quando o rádio chegou em meus sentidos. Talvez porque desde sempre esteve em meus poros, instigando neurônios, entranhado nas moléculas pelo DNA de José Maria Madrid.

Desde quando me entendi por gente já sabia o que queria. Afora os devaneios de todo o garoto pelo futebol, jamais cogitei ser qualquer outra coisa que não passasse perto dos microfones, que não habitasse um estúdio ou que não voasse veloz pelas ondas do éter.

Nunca soube fazer outra coisa senão jornalismo, o ofício pelo qual fui arrebatado nos precoces doze primeiros anos e sina da qual nunca, nem por um segundo, jamais me desviei ou tirei o foco, mesmo quando a tentação da política bate à porta e oferece trabalho até dominá-la debaixo dos pés.

Antes de conhecer outras delícias do ramo, a televisão, jornal e internet, casei-me com o rádio. E por sincero e incontido amor. Um sentimento atualmente nutrido todos os dias – agora de uma forma especial – no projeto da Hora H, programa que divido ao lado do confrade Wallison Bezerra.

De segunda a sexta, das 18 às 19h, na boca da noite, como a gente diz lá em Marizópolis, o encontro entre conteúdo e ouvintes desembarca em todas as regiões da Paraíba. Chega aos ouvidos de desembargadores e políticos graúdos, mas também é companhia diária de gente simples das brenhas desse vasto estado.

De João Pessoa a Princesa Isabel, de Serra Branca a Cajazeiras, de Areia a São Bento, de Soledade a Pombal, de Patos a Uiraúna, de Itabaiana a Uiraúna, de Campina Grande a Sousa. O programa chega muito mais longe do que pedi ou sonhei. Alcança o que Deus tem generosamente permitido.

Alegro-me com o prestígio do doutor e regozijo-me na mensagem espontânea do agricultor no zap-zap. Os dois mundos aparentemente opostos se equilibram no mesmo plano, as distâncias se amiúdam e o idioma do rádio permite que todos falem e entendam a mesma língua.

Hoje, a Hora H completa dois anos. Passou rápido demais. Mas já deu tempo fazer muita coisa. Andar pela Paraíba, conhecer novas pessoas, fazer novas amizades, visitar estúdios de emissoras parceiras e sentir de perto as singularidades locais, os dramas e potenciais de cada região estão no topo das mais prazerosas. Uma jornada cansativa, mas compensadora pelos aprendizados humanos e gestos comoventes.

Esse projeto, fruto de renúncias pessoais que só os mais íntimos podem saber ou compreender, é uma realização profissional perseguida na contramão de um ambiente profissional tão apegado a certas vaidades e refém de efêmeras vitrines e status. É, antes de tudo, um projeto jornalístico possível graças à âncora firme do Portal MaisPB, razão de repetidos desprendimentos. E sempre que necessário, para fazer o que acredito, a coragem de recomeçar nunca nos faltará. A Hora H não é destino. É travessia.

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