(Marizópolis-PB) – O motor do carro roncou na passagem, mas deu para avistar pela lateral do vidro a placa de entrada de Jericó, município vizinho a Catolé do Rocha, sertão paraibano.
A memória viajou vinte e cinco anos e estacionou naquela semana de preparativos. O nosso time, comandado pelo “Nego Dim”, faria sua primeira partida fora dos arredores de Marizópolis.
O franzino volante, claro, estava escalado e o pau de arara contratado para levar a turma até o destino. Faltava só avisar em casa e tudo certo (será!?). Domingo seria o grande dia.
Seria. Dona Marizete encasquetou. Repetiu um “vai não” umas dez vezes. Não convenceu nas razões. “A mãe de todo mundo deixou”. Do outro lado, a célebre frase”: “Você não é todo mundo”.
Uma semana de banzo. Não era possível que aquela “grande chance” seria perdida? Foi.
Não teve jeito e nem choro, o time não iria contar com aquela peça estratégica entre a defesa e o meio de campo. Sobrou se aquietar e roer de longe de cara amuada.
Na volta, a notícia. O jogo foi um acontecimento. Leleca, como sempre, deu um show. Arrasou a defesa dos adversários com dribles e chutes ao gol e Lan segurou bem na retaguarda.
E a cereja do bolo. Os lances e os nomes dos craques eram narrados por um locutor para um carro de som no estádio à beira do campo. Sim, o campo era gramado! Gramado? O nosso Clementão só tinha poeira e pedra. E lama, quando chovia.
Cada informação como essa contada pelos olhos brilhantes de quem integrou a delegação só aumentava a decepção, a frustração e o coração partido de quem foi – injustamente – vetado da grande partida pelo rigoroso departamento materno da Rua Ana Rocha, 18.
Tem nada não! Sem dizer uma palavra, pensou alto e decretou: “Um dia volto a Jericó e faço o gol que aquele locutor deixou de narrar com entusiasmo e a nossa torcida deixou de festejar, levantando o seu craque nos braços”.