Bastam duas frases para resumir o que pensa a empresária Luiza Trajano sobre o patrulhamento ideológico em vigor no Brasil dos anos 2020.
“Quando defendo o Bolsa Família dizem que sou de esquerda. Quando defendo a privatização dos Correios sou de direita”, exemplificou a mulher que controla uma fortuna de US$ 17 bilhões.
Em poucas palavras, a mulher que liderou o “Unidos pela Vacina” demonstra estar imunizada por uma visão com alcance do mundo real fora das bolhas ideológicas que definem (e cancelam) pessoas, instituições, profissionais e pensamentos por eliminação.
Basta não ser para ser. É como se uma opção política implicasse na conversão ao pacote completo.
Se o sujeito critica a corrupção nos governos do PT, o óbvio, portanto, está condenado a ser bolsonarista.
Quando o indivíduo aponta os erros na condução da pandemia e as fanfarrices de Bolsonaro naturalmente será carimbado de esquerdista.
Uma classificação curta, rasa, binária e pouco inteligente. Um universo lunático que se divide em torcidas e amarras a uma polarização histérica e estéril.
Luiza – a simbiose de trabalhadora e empregadora – sabe ser e estar acima dessa tola dicotomia, sem prejuízo do seu senso crítico e de suas escolhas pessoais.
E isso não significa neutralidade, é razoabilidade, predicado que, de tão escasso, configura hoje em dia um tipo de patrimônio valiosíssimo no mercado (em queda) do bom senso.