No marketing, candidatos são perfeitos. O colorido das peças encontra o tom para cada um, nenhum defeito foge às pinceladas de maquiagem ou aos traços do photoshop e frases de efeito tornam tudo mais plástico e bonitinho.
É no debate, frente a frente, olho no olho, onde as diferenças aparecem, porque nele todos os concorrentes são o que são. Desnudados no confronto, virtudes e falhas aparecem e revelam, à luz dos holofotes, quem é quem.
O já tradicional encontro promovido pela TV Master, do desbravador Alex Filho, cumpriu esse propósito e deu ao distinto público e, especialmente, à advocacia, uma eficiente ressonância dos três perfis que se propõem a comandar a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Paraíba.
Maria Cristina Santiago, a “novidade” no processo, fez nítido esforço de afirmação. Esbarra num dilema prático: a dificuldade de sustentar discurso de oposição quando integrava a gestão até pouco tempo, com expectativa, inclusive, de ser apoiada pelo atual presidente Paulo Maia?
Se falta autoridade para um discurso de total contraposição, por razões óbvias, também não pode entabular propostas de continuidade ou de aperfeiçoamento de ações em curso. Está numa linha tênue e diante do desafio de superar a natureza híbrida da postulação.
O laudo do desempenho revela o que já se prenunciava antes mesmo da deflagração oficial da campanha. Harrison Targino e Raoni Vita polarizam. O debate confirmou isso em perguntas e respostas. Targino reafirmando em tom moderado sua trajetória na longeva advocacia e e eficiência na vida pública. Raoni carimbando o passaporte de verdadeira oposição e renovação.
O que forçou a estratégia de Maria Cristina de tentar romper essa tendência, apresentando as cartas mais arriscadas e menos recomendadas para um confronto de estreia. Na tentativa de ralar a imagem e biografia do principal player da disputa, Harrisson, ela foi cabalmente repelida, em pelo menos três momentos. Momentos, aliás, constrangedores.
O primeiro debate foi sintomático e deixou três mensagens. Maria Cristina ainda em busca de uma identidade. A segurança e consolidação de Raoni Vita, rompido há cinco anos com Maia e, portanto, livre e solto para um afiado contraponto. Por fim, a confirmação da vantagem de Harrison, que absorve o legado da aprovação da atual gestão e leva mensagem de quem, apesar de aliado, tem vida própria e autonomia para inovar. Mas, é só a largada!