Bolsonaro e Lula, os donos da rua – Heron Cid
Opinião

Bolsonaro e Lula, os donos da rua

14 de setembro de 2021 às 16h43 Por Heron Cid

Queiram ou não queiram, as ruas desse Brasil de 2021 só atendem ao chamado do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula.

Não coincidentemente, os dois polos da luta política que divide o país na base do “nós e eles” e condena a Nação a um debate muito focado em pessoas e quase nada em projetos.

A baixíssima presença de público nas manifestações de domingo – convocadas pelos movimentos que rejeitam tanto um quanto outro extremo da batalha – são um sintoma. Nenhuma surpresa, entretanto.

O brasileiro médio, desprovido de paixões políticas, está cansado dessa gangorra, protesto sim, protesto não.

Segmento expressivo da sociedade vive processo de fadiga e pouco apetite de sair de casa em plena pandemia (a maior contradição retórica da polarização) para segurar bandeiras e se nivelar aos cordões da radicalização.

O fiasco do público chamado pelo MBL, sem o aval da esquerda e do PT, até porque eram alvos, não significa inexistência de gente disposta a votar sem a camisa de força da polarização.

Também não é atestado de inviabilidade da terceira via. É um indício de que essa faixa do eleitor está em fase de observação e que até agora não se sente suficientemente representada ou seduzida pelos nomes ou discursos que estão na pista.

Por razões presumidas, Bolsonaro e Lula são os grandes donos das ruas. Inclusive, porque eles têm maior envolvimento com as massas, falam a língua delas e inoculam a fórmula da confrontação, quase irresistível nessa pós-modernidade que se comunica pelo idioma do grito.

Muita não foram e nem irão às ruas por absoluta ausência de motivação. Outros por excesso de sanidade. Enquanto isso, Lula e Bolsonaro se alternam na ocupação das avenidas cheias de gente e vazias de futuro.

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