Era um sábado. O telefone toca. Na linha, uma voz que dispensava apresentação. Ainda sim, do outro lado um tom grave se identificou:
– É Zé Maranhão!
O senador José Maranhão ligava para agradecer por uma leitura política feita aqui neste espaço que, de alguma forma, evidenciava protagonismo de alguma postura ou projeção sua.
Na cortesia do telefonema, um convite para ir até sua residência. Cheguei no dia seguinte, um domingo, no meio da manhã.
A conversa girou em torno da eleição imediatamente próxima (2018), dos episódios do impeachment, do governo Michel Temer e da instabilidade política brasileira.
Foi demorada, sobejamente suficiente para desconstruir uma imagem equivocada, acumulada por anos e alimentada por preconceito fermentado nas redações, a partir da dicção peculiar à fala do senador e ex-governador.
Fui apresentado a um José Maranhão culto, homem de leitura, de sólida formação intelectual, perito nas palavras, comedido nas expressões, moderado por natureza, profundo conhecedor da Paraíba e testemunha ocular das turbulências políticas mais significativas de um século de República. E, também, um bom ouvinte.
Uma fleuma que não arrefecia sua gene brejeira, agrestina, rural, de criador de gado, de homem e empresário do campo.
Se vivo fosse, a Covid-19 não tivesse atravessado seu caminho e desafiado sua saúde de ferro, Maranhão estaria aniversariando neste 6 de setembro.
Um hiato que não impede admiradores, familiares, amigos e correligionários de lembrar a data movidos pelo sentimento de celebração de uma história que atravessou gerações.