Ninguém em bom juízo acredita que o presidente Jair Bolsonaro levou a sério o seu tresloucado pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, o primeiro caso de birra institucional do chefe do Planalto.
Como tem feito desde o dia que assinou o termo de posse, o capitão gasta tempo e energia com a cruzada que ele e seus fãs acreditam travar contra o “sistema”, aquilo que o presidente facilmente se adaptou em Brasília para garantir sobrevida ao mandato.
O pedido de impeachment foi mais uma dessas manobras para dar uma satisfação qualquer ao bolsonarismo ortodoxo, aquele que conseguiu se solidarizar com as prisões dos lunáticos Daniel Silveira e Roberto Jefferson, convertido neobolsonarista.
O presidente sabia que o diversionismo ia a lugar nenhum. Mas ele não liga para isso. O que precisava conseguiu: manter viva a sua ardorosa militância radical e continuar fingindo que seu governo é inviabilizado por uma turma de anti-patriotas e não pela sua própria incapacidade de governar.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, fez o que se esperava e mandou para o arquivo mais um alucinógeno que mantém o bolsonarismo ligado.
Em contrapartida, Bolsonaro obteve o que queria. Mais um motivo para a turma ir à rua no dia 7 de setembro protestar contra tudo por nada.