No fim de janeiro deste 2021, o deputado Manoel Ludgério incendiou a praça com uma sugestão no mínimo ousada: um grande pacto político na Paraíba juntando o governador João Azevêdo (Cidadania), Romero Rodrigues (PSD), o candidato da oposição, e outras forças satélites.
A tese, por sua própria natureza, é complexa e envolve muitos atores, consequências, resistências, efeitos colaterais e interesses variados.
Difícil, não impossível, em se tratando de Paraíba, um estado que seus líderes políticos já venceram diferenças infinitamente maiores do as que de João e Romero.
De janeiro, quando a tese foi ventilada, para cá, muita coisa mudou na pra lá de dinâmica política paraibana. Especialmente, no cenário que envolve Campina Grande, a Roma deste hipotético conclave.
Azevêdo e o prefeito Bruno Cunha Lima (PSD), que antes trocaram alfinetadas, derivaram para uma relação institucional com alguns frutos. E o senador Veneziano Vital (MDB), principal presumido obstáculo na materialização desse exercício de imaginação de Ludgério, deu alguns passos para longe do Palácio e com chances de ele próprio protagonizar uma candidatura ao governo.
Os dois movimentos colocaram o que antes era uma divagação isolada no terreno das conjecturas plausíveis, sobretudo, pelo tom ameno pouco afeito à radicalização do ex-prefeito de Campina. Se Romero não abre portas públicas para o tema, também não é autor de ataques ácidos contra o governo e nem cria barreiras intransponíveis.
A despeito das conhecidas dificuldades, sem trabalho algum dos dois lados, existe uma ponte virtual e nenhuma das partes faz questão de implodir. E é nisso que Ludgério, único deputado do PSD de Romero, aposta como solução pragmática de pacificação e arremate da eleição de 2022.
A questão operacional – nua e crua – é outra: não cabe todo mundo nessa que seria uma grande concertação estadual.
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