Imagine o mediador de um debate eleitoral na televisão se reunir, reservadamente, um dia antes do evento com um dos candidatos.
A atitude, no mínimo, seria antiética e questionável. A esperada isenção do apresentador iria para o beleléu na condução do programa. E com razão.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, começou a semana almoçando com o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um político em evidência. À mesa, também, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia.
Dois adversários abertos do presidente da República, Jair Bolsonaro, com quem Moraes tem pública disputa e atritos.
Precisa dizer que um encontro como esse é pouco recomendável em se tratando de um ministro que está apreciando, julgando inquéritos que envolvem o presidente e sua trupe e despachando ordens de prisão, como fez hoje com o histriônico Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, um neobolsonarista?
Alexandre, que leva consigo o nome do homônimo, o “Grande rei da Grécia antiga, berço da civilização, já é grande demais para saber que a toga exige do togado comportamento semelhante ao que foi aconselhado à mulher de César.
Especialmente, em tempos de tensão e de ataques à sua credibilidade de julgador.
Tal qual a mulher do imperador romano, não basta ser. Tem que parecer. Moraes nem tem sido e nem parecido.