O voto impresso e a molecagem presidencial – Heron Cid
Opinião

O voto impresso e a molecagem presidencial

30 de julho de 2021 às 12h12 Por Heron Cid
Acompanhado de um assessor, Jair Bolsonaro apresenta argumentos em favor do voto impresso, mas nenhuma prova de fraude nas urnas eletrônicas do Brasil

Ministros do Supremo trataram a live em que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou apresentar provas de fraudes nas eleições, e não fez, como coisa de “moleque”.

A expressão é forte, sobretudo, para adjetivar um presidente de uma República do tamanho e importância do Brasil.

Mas, lamentavelmente, o comportamento de Bolsonaro faz jus ao termo pejorativo.

As atitudes dele competem com o universo infantil, mesmo julgando tratar-se mais de retórica para insuflar sua impetuosa militância do que de qualquer outra coisa.

Defender o voto impresso e auditável é legítimo. E se faz pelo convencimento, pelo argumento e junto ao Congresso Nacional, instituição a quem, na democracia, cabe o papel de legislar.

Se o interesse real de Bolsonaro fosse emplacar a sua tese, como forma de melhorar e aperfeiçoar o sistema democrático do país, o faria perante sua base parlamentar. A começar do Centrão, abertamente contra a proposta e que, mesmo assim, acaba de ganhar o mais importante ministério da Esplanada.

É uma conta lógica que não fecha.

Interessa ao presidente conturbar, tensionar, inflamar e criar cortinas de fumaça para obscurecer as deficiências e erros do governo e mandar para a caixa do esquecimento promessas não cumpridas.

Só que para atingir sua meta, Bolsonaro brinca com a responsabilidade do próprio cargo, chafurda com a institucionalidade da Presidência e se comporta como um menino mimado e birrento que quer e só aceita tudo de seu jeito.

Reina, porém, uma adulta e substancial diferença.

Quando uma criança se comporta mal, geralmente é por falta de maturidade e consciência, própria da idade. Com pureza e sem malícia. Não é o caso de Bolsonaro.

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