(NATAL-RN) – Com esse homem de 75 anos de idade está guardada uma pedra preciosa da Música Popular Brasileira. Doutor em Linguística e professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina, José Gomes Neto tem as chaves que preservam um trabalho inédito de Antônio Carlos Belchior, um dos mais importantes cantores e compositores do Brasil, morto em abril de 2017.
Amigo de Belchior por quarenta anos, desde quando o artista estourou na cena nacional com o emblemático disco Alucinação, Zé Gomes foi parceiro de discussões filosóficas e convergências literárias durante as quatro décadas que os uniram.
Na maioria das vezes, fruto de um anfitrião generoso no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, e de um hóspede afável nas paradas para descanso ou pontes de relaxamento em exaustivas turnês de shows por Santa Catarina e país afora.
Uma convivência afetiva que se transformou em sociedade na Agência Luso Brasileira, mas especialmente na troca de informações e impressões sobre a mesma paixão, a palavra, a Língua. O relacionamento foi frutífero e se consolidou em parcerias que hoje, quatro anos depois da morte do músico, constituem grande patrimônio artístico ainda inexplorado. Uma joia rara para fãs, admiradores e pesquisadores.
Um CD com oito canções inéditas com sonetos do poeta catarinense Cruz e Sousa, uma culta correspondência formada por centenas de cartas que o próprio Belchior, em vida, gostaria que fossem publicadas, e um livro, cuja estética oscila entre realidade e ficção, bem típica da arte do intelectual de Sobral no Ceará.
Embalado pelo espírito jornalístico, mas muito mais entusiasmado pela sensibilidade de admirador, o autor deste Blog seguiu o mapa da mina prospectado por um fã, Bira Pereira, ex-vereador e ex-secretário de João Pessoa. Encontramos juntos este tesouro tão vigilantemente cuidado pelo professor José Gomes Neto, um nordestino de Mossoró-RN. Vimos e ouvimos o que o guardião das obras inéditas conservou e só havia partilhado, até agora, com os os dois filhos do artista (Mikael e Camila) e o maestro João Mourão, da Radar, banda que acompanhou Belchior por pelo menos oito anos.
A entrevista sobre esse ‘garimpo’, as particularidades da reconhecida obra de Belchior e até o o seu enigmático sumiço por dez anos, interrompido apenas pela sua morte em Santa Cruz do Sul (RS), foi toda gravada e registrada em parceria com a Grão de Histórias, competente produtora de vídeo da capital paraibana. Com direito a leitura de cartas e introdução do livro e audição de trechos das canções, os últimos trabalhos de Belchior em vida. O resultado do encontro prazeroso com o autor de Cancioneiro Belchior, livro que reúne todas as letras do bardo cearense, sai tudo em breve – em forma de reportagem – por aqui e por acolá.
A publicação de todo esse vasto material inédito depende de uma campanha de financiamento coletivo que fica no ar na internet até o próximo dia 30 de julho. Até agora, a arrecadação não foi suficiente para a produção que depende de novo tratamento sonoro em estúdio. Feita em apenas um canal, a gravação original carece do uso de tecnologia para separar voz de instrumentos. Quem quiser participar dessa descoberta e também ser dono desta riqueza, ainda dá tempo. É só clicar neste endereço aqui!