A prisão de Roberto Dias, demitido diretor do Ministério da Saúde, fragilizou ainda mais a credibilidade da CPI da Pandemia.
Porque revelou os dois pesos e as duas medidas. Se informações imprecisas fossem condição para detenção, poucos teriam saído ilesos da Comissão.
Qual é o critério para estabelecer previamente o que é mentira? Uma fala divergente da versão de outro depoente?
Na fase de inquérito, tudo é versão… Ouvida, filtrada, questionada e apurada. Sentenciar o que é mentira e verdade é pra lá de subjetivo neste momento.
A mesma CPI ouviu um golpista declarado, alguém que não tinha vacina nenhuma pra vender e mesmo assim tentava aplicar o golpe, e este passou ileso pela sabatina dos senadores.
Só pra citar um exemplo.
A decisão pareceu mais um arroubo do presidente Omar Aziz, uma tentativa de forçar alguma credibilidade ou moral aos trabalhos da Comissão.
Como bem receitou o ex-deputado Fernando Gabeira, atualmente comentarista da Globo News, a melhor forma de revelar uma mentira é perguntando e processualmente constatando contradições.
Não no grito.
Se a CPI apura, julga e prende, o que sobrará para o Judiciário pós-relatório?
Os senadores perguntam mal porque já vão com uma narrativa pronta e acabada para o plenário. Esquecem que num inquérito as respostas demandam novos questionamentos.
E que aquele privilegiado espaço não deveria servir para showzinho particular de oposicionistas e governistas num tipo de BBB em que os políticos cancelam ou imunizam a depender da estratégia do jogo.
O problema é que a CPI está prisioneira de um script prévio. O relatório final está pronto independente das respostas e dos depoimentos que venham ainda a ser colhidos.
A verdadeira prisão, até agora, é da própria CPI. Enviesada, teatralizada e encarcerada em si mesma.