Sábado passado, adoradores do presidente Jair Bolsonaro ocuparam ruas de São Paulo. Pilotando motos, foram dizer “sim” ao presidente e “não” à volta da esquerda ao poder.
Uma semana depois, o troco. Adoradores do ex-presidente Lula ocupam as avenidas do Brasil, neste sábado, vociferando o “Fora Bolsonaro” e rogando pelo “Volta Lula”.
Uma responde a outra. Ambas se retroalimentam na autofagia brasileira em voga.
Claro que nas duas há faixas também com dizeres mais conceituais. Numa, “Acelera para Cristo”. Noutra, “Vacina e Comida”. Vã eufemismo para encobrir o óbvio.
De esquerda e de direita, as manifestações são a face trágica da disputa de poder em plena pandemia. Atos organizados pelas camarrilas partidárias para levantar a moral dos seus líderes, ou ídolos.
Assombra que no Brasil sob decretos de medidas restritivas e apelos das autoridades sanitárias, o poder de polícia e os decretos ficam de cócoras diante da aberta e pública desobediência civil, liderada e convocada, sem cerimônia, por políticos e dirigentes partidários.
As aglomerações eleitorais são toleradas sem qualquer reação digna do nome. Uma passividade que só vai desmoralizando a discussão científica e comprovando que desistimos – enquanto sociedade – de combater técnica e seriamente a disseminação do vírus.
Primeiro, os movimentos de direita. Agora, as mobilizações de esquerda.
Ainda bem que nos dias de motociatas e protestos, o vírus – politicamente correto – fica em casa para o ‘manifestante’ ter o sagrado direito de aglomerar sem maiores riscos à saúde individual e coletiva.
Só que não!