As manifestações do "mal" e as aglomerações do "bem" – Heron Cid
Opinião

As manifestações do “mal” e as aglomerações do “bem”

31 de maio de 2021 às 11h00 Por Heron Cid
Grupos rivais ideológicos agora disputam o título de quem aglomera mais: a velha tese de que os fins justificam os meios

Responda rápido. Aglomerar na pandemia é certo ou errado? E aglomerar em multidões quando estamos chegando perto dos 500 mil mortos e prestes a entrar numa terceira onda do vírus?

Claro que a resposta normal para qualquer ser pensante é óbvia. Engano. Nem para todo mundo essa é a resposta certa. Porque, para alguns, depende. De quê? Depende do objetivo da aglomeração.

Se for para protestar a favor do presidente Jair Bolsonaro, o que é naturalmente um desatino, aí aglomeração é criminosa e insana? E os manifestantes são ignorantes sem noção do perigo.

Mas, se o protesto for para desgastar ou derrubar o presidente, a aglomeração ganha outro sentido. Passa de risco à saúde a ato democrático com ares de causa nobre. E os participantes gente consciente.

Quem defende a Ciência, protocolos sanitários e os decretos ignora tudo por um diazinho e vai às ruas ser feliz. Aí, aglomeração vira um movimento revolucionário, gesto de coragem e de civismo.

Balela. Não existe meio buraco. Ou é buraco ou não é. E aglomeração é o que é. Tanto faz se é a favor ou contra o presidente. Vírus é vírus, e ele contamina quem veste camisa verde-amarela ou vermelha.

As manifestações de um lado e de outro neste momento crítico são a expressão caótica da histeria coletiva em que o Brasil se meteu com essa falsa guerra ideológica, tão doentia quanto à pandemia.

Frise-se: se uma conta com a presença em pessoa do presidente, a outra tem o estímulo (ou omissão deliberada) do líder da esquerda, Lula da Silva. Genocida?

As duas só favorecem a doença e nivelam, em matéria de estratégia, os que se dizem opostos. A cabal demonstração de que o que existe, de verdade, é uma guerra de narrativas e a velha disputa de poder.

Só guardam uma diferença: nos movimentos da direita, os manifestantes não ligam muito para proteção e muitos vão de cara limpa como gado (sem trocadilho) ao matadouro. Nos protestos “politicamente corretos” da esquerda – ou comícios do “Volta Lula” –  a turma porta máscaras.

Mas, não se sustentam. Ao menor exame de coerência, elas caem.

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