Em 7 de dezembro do ano passado, uma semana depois do segundo turno das eleições em João Pessoa, este Blog ousou sentenciar: Nilvan carimbou passaporte definitivo para a política.
Ao contrário do que alguns – inocente ou benevolentemente – pensavam, era uma previsão baseada em fatos, declarações e sinais: o radialista não voltaria à comunicação como único ofício e missão pública. De outsider, o apresentador estava incorporado ao mundo político partidário. Sem volta.
O que se viu a seguir foi a confirmação. Ferreira até ensaiou um discurso de quem regressaria resignado ao trabalho depois do insucesso nas urnas e tocaria sua vida em frente por não ser um “político profissional”. Até se segurou por algum tempo, mas não demorou.
As redes sociais dele deram o tom: abriu frente estratégica de oposição ao prefeito Cícero Lucena, por quem fora derrotado, e contra o governador João Azevêdo, seus alvos recorrentes. Assim como em 2020 em João Pessoa, Nilvan identificou o mesmo vácuo na fragilizada oposição e ocupou-o sem pestanejar.
O seu último movimento veio a calhar: ex-candidato pelo tradicional MDB, o comunicador acaba de assumir o comando do PTB, sucedendo assim o deputado Wilson Santiago na legenda. Recebeu o partido das mãos do notório Roberto Jefferson, cuja ficha corrida dispensa maiores apresentações.
Na operação, calculou perdas e ganhos. Como bônus, o fato de já ter um partido próprio e ser dono do seu destino em 2022, quando, inapelavelmente, será candidato. Para tanto, o ônus de associar-se a Jefferson, uma figura pouco recomendável e dissonante da retórica de Nilvan contra seus desafetos.
Nilvan Ferreira com Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB
Nada que já importe tanto. Nilvan agora é político que concilia suas horas de atuação com sua perfomance na televisão, onde conquistou popularidade, fama e identidade com camadas sociais. Ao Blog, ele informou que vai viajar a Paraíba para fortalecer a sua nova sigla.
A meta, nas palavras dele, é formar um palanque para o presidente Jair Bolsonaro na Paraíba, eleger estaduais, federais e estar na chapa majoritária. Ele não diz, ou ainda não definiu, mas quer estar na majoritária. Ninguém se engane: Ferreira pensa grande, não topa ser coadjuvante e vai querer ser protagonista na próxima eleição. Mais uma vez fareja o buraco na oposição e vai andar nele.
Se portava passaporte carimbado na política, com uma legenda sob seu total e irrestrito controle Nilvan Ferreira agora tem um visto assinado pela embaixada do bolsonarismo em Brasília com permissão para ocupar o território da oposição. Um território que ele vê totalmente aberto.
