A morte sempre traz choque de reflexões sobre a vida. Diante dela, todos se quedam. No último ano, essa tabu entrou no cotidiano brasileiro como nunca antes.
Se todas as vidas importam, como a dos milhares de anônimos, a de pessoas próximas ou conhecidas (até famosos) costumam mexer e chamar mais atenção.
É como um despertador, um corte capaz de desafiar qualquer anestesia.
Campina Grande vive nas últimas horas esse sentimento de pesar. No pior momento da pandemia na cidade, grita a morte de uma figura pública tão querida que conseguiu virar rara unanimidade em Campina.
As ecléticas manifestações de pesar, vinda de todos os lados, denotam o quanto Hachid Ilo Bezerra de Sousa, padre da Igreja Católica, era querido e respeitado por todos.
O falecimento precoce de um expoente religioso, poucos dias depois da internação no Hospital Pedro I, referência no tratamento da Covid-19 no município, sobe o nível de alerta e dos perigos da pandemia.
Acorda todos quantos ainda, porventura, vejam a doença com ares de conspiração ou sob o prisma enviesado de direita versus esquerda.
É um fato tragicamente eloquente.
E os fatos, assim como os números e boletins reais dos últimos dias, falam muito mais do que qualquer discurso ou opinião.