Assim que soube, silenciei. E no silêncio ouvi incontáveis depoimentos de colegas. Todos com o rosário de características positivas, e verdadeiras, do amigo e do profissional Eduardo Carneiro, a nova vítima da Covid-19 entre nós.
Se quisesse, lembraria inúmeras boas histórias de quando tive, como tantos, o privilégio de trabalhar ao seu lado. Da sua aplicação e dedicação espartana, da visão ampla sobre o jornalismo e sua capacidade de liderar pelo exemplo.
Nunca elevou a voz na redação. Nas inúmeras que passou até ocupar funções em órgãos públicos. Sempre na área de sua paixão. Nunca precisou impor autoridade. Jamais disse que era chefe. Sua liderança era a do exemplo de quem fazia primeiro, antes de designar e pedir. E sabia pedir. Parceiro, incentivador, agregador, um líder servidor.
Cabelos grisalhos e olhar de menino, menino de Mulungu, que nunca deixou de ser. Leve, apesar dos pesos e dramas da vida. Um coração bom, apesar das maldades do mundo. Um coração que agrada a Deus.
Pela ternura, Carneiro parecia uma ovelha, mas era pastor que conduzia tantas às águas mansas em meio ao agitado cotidiano de jornalista. Acolhia pacientemente todas, sem distinção, as recém-nascidas, as já criadas. No batente ou nos verdes pastos de sua granja mágica.
E fiquei pensando. Eduardo merece muito mais do que o reconhecimento ao grande profissional. Mais até do que palavras sobre o amigo que se despede tão jovem da vida, aos 50 anos, depois de lutar bravamente no leito hospitalar. É tudo tão insuficiente.
Porque tenho em mim que ele era muito mais do que se possa dizer de um irmão, minhas caras Adriana Bezerra e Michelle Sousa. Mais do que um grande chefe, Kaliandra Moura, Renata Ferreira, Djane Barros e Aninha Brandão. Além de um excelente coordenador de jornalismo, Fabiano Gomes, Wellington Farias. Mais do que um leal auxiliar, Lena Guimarães, Marcus Vinicius, Josival Pereira, Suetoni Souto Maior.
Acima do generoso chefe de reportagem, Écliton Monteiro, Henrique Lima, Albemar Santos, Érica de Oliveira, Mislene Santos, Pollyana Sorrentino, Wallison Bezerra, Maurílio Júnior, Paulo, Neto, Diva Monteiro, Hyldo Pereira, Nayanne Nóbrega, Arthur Araújo, Dayse Eusébio…
Ele foi maior do que um grande companheiro, tenha certeza e orgulho disso, Everaldo Ricardo.
Por isso, hoje eu queria ter uma poesia azul celeste para dedicar a você, Eduardo. Quem sabe uma crônica perfumada. Mas só tenho esse texto na mente e lágrimas nos olhos. Nada, perto do tamanho e alegria de teu ser. Mas, fico nessa manhã cinza com o vivo clarão daquele sorriso iluminado que abria as portas da tua casa e da tua alma para todos nós, seu rebanho de amigos.