Por força de decisão do ministro Luís Barroso, um dos 11 supremos, o Senado será obrigado a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o que já é de domínio público: os problemas na gestão da pandemia no Brasil.
O protocolo da CPI cumpriu todos os requisitos regimentais, mas, carecia, no dizer do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do senso de oportunidade. Traduzindo: como tocar uma CPI em plena pandemia quando nem senadores e nem sequer servidores estão comparecendo fisicamente às instalações do Poder?
Pacheco vai cumprir a decisão. E está certo. Como está carregado de razão quando critica o movimento por uma CPI quando o país mais precisa de unificação de esforços, senso de cooperação, ainda que a figura e a postura do presidente da República não cooperem para isso.
A CPI da Covid servirá tão somente de palanque eleitoral antecipado de 2022, um instrumento que já nasce com um objetivo prévio: desgatar o governo. Uma nau para a oposição navegar e emparedar Bolsonaro e os seus.
Num momento atípico e especial que estamos vivendo, as questões de fundo eleitoral e até as divergências profundas de ordem ideológicas não podem se sobrepor as urgências nacionais que pedem elevado espírito público.
Essa CPI nada fará além do que STF, Ministério Público e órgãos de controle já possam fazer. Servirá apenas para o flagelo político, para o esgarçamento de uma corda já esticada.
Em momentos críticos, excepcionais e históricos, como esse que estamos padecendo, governo e oposição precisam ter maturidade e responsabilidade com o país. A briga por projetos de poder (de manutenção ou retomada) é secundária.
Se quiser se dar ao respeito, a oposição não pode jogar o mesmo jogo de Bolsonaro. A CPI é um remédio errado, na hora errada. Só fará piorar o que já está ruim.
Uma pergunta: qual foi o resultado mesmo da CPI do Óleo?