Não adianta mudar ministro se postura do governo não mudar – Heron Cid
Opinião

Não adianta mudar ministro se postura do governo não mudar

15 de março de 2021 às 12h34 Por Heron Cid

A ‘missão’ do Eduardo Pazuello nunca teve prazo definido. A nomeação foi desde o princípio um improviso depois da saída de um titular (Henrique Mandetta) e o pedido de demissão de um substituto (Nelson Teich).

Pazuello não é daquelas escolhas segundo a qual não se pode nomear quem não pode ser demitido. Militar, está acostumado à subordinação.

A condução caótica do ministro até aqui não pode ser atribuída ao próprio. Como se sabe, o militar que lá está apenas cumpre ordens no ministério mais estratégico do Brasil na pandemia.

O Governo já admite e aliados pressionam por mudança no comando da pasta. Para diminuir os desgastes e a rejeição à política vacilante na crise sanitária.

A cabeça de Pazuello passou o fim de semana na guilhotina, com o consentimento do iminente e disciplinado general. Opções estão em estudo, entre elas a cardiologista Ludhmila Hajjar, defensora da vacinação e das políticas de contenção da disseminação do vírus.

A confirmação de Ludhmila seria um “cavalo de pau” na política federal de enfrentamento à Covid-19. Um giro que já colocou, por prevenção, o bolsonarismo radical nas redes para pressionar contra a nomeação. O mesmo bolsonarismo que foi às ruas ontem, em plena explosão de contaminações, para apoiar a atual política de saúde defendida por Bolsonaro. Ou a falta dela.

Para alívio da turba barulhenta, Ludhmila dá sinais de que a conversa com o presidente não avançou, o que leva a sugerir sobre a discrepância de expectativas. A dela para com o presidente e vice e versa.

A troca de ministro é inevitável. De preferência, com a entrega da pasta a um médico do front. Seria uma resposta política de Bolsonaro, que aos poucos tenta trocar a roupa negacionista pelo figurino de adepto da vacinação em massa.

Mas, de nada adianta mudar o ministro se a postura do governo não mudar junto. E mudar por convencimento e sincera correção de rota. Não por mera estratégia eleitoral. Se não for assim, o presidente cairá na tentação de nomear um novo despachante quando o que mais precisamos é de um  técnico com conhecimento e autonomia.

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