O presidente Jair Bolsonaro passou parte da pandemia minimizando os efeitos do coronavírus e classificando tudo como exagero alarmista da imprensa e de organizações de saúde.
Quando os estudos das vacinas estavam avançados e países do mundo inteiro entrando na fila das compras de imunizantes, o nosso presidente debochou, ironizou e fez esforços públicos para colocar em dúvidas a eficiência.
Uma de suas últimas foi também sugerir a pouca eficácia do uso de máscaras, equipamento utilizado no mundo inteiro – e há muito tempo – como proteção para diminuir o risco de contaminação.
Apesar do grande movimento bolsonarista, a maioria da sociedade brasileira não comprou essa esquizofrenia.
Por estratégia e tentando fazer as pazes com a realidade, o governo faz meia volta e tenta se reposicionar. Agora, a desprezada vacina virou “a arma” na boca e perfis bolsonaristas. Na última solenidade oficial, ministros e o próprio presidente adotaram a máscara, ignorada pelo capitão em aglomerações por onde este passa. Nenhum virou ‘marica’, até onde se sabe.
Do outro lado, o ex-presidente Lula, de volta à cena graças à canetada do ministro Edson Fachin, apresentou um novo figurino para o distinto público ontem.
Com pose de inocente (o STF não entrou no mérito das condenações) e sem mágoas, Lula mandou acenos estratégicos para setores com quem o petismo vivia em guerra, até pouco tempo.
Elogiou o papel da imprensa, tratada nos últimos anos pelo petismo como “mídia golpista”, aquela que o PT se arrependeu de não “regulamentar”, o sinônimo de “controlar.
Lula ainda se disse aberto para conversar com os empresários, a turma que era chamada com desdém por ele de a “elite brasileira”, aquela que, nas palavras do ex-metalúrgico, “não gosta da democracia”.
Seria o caso do despertamento de ambos ao aconselho de JK, para quem não se devia ter “compromisso com o erro”? Nada. Apenas são candidatos em 2022, apenas entraram em novas variantes políticas.