Quem defende lockdown, a suspensão total das atividades, não calcula o tamanho do preço social.
A medida extrema dificilmente se aplica num país com as características sociais do Brasil, onde tem gente que trabalha de dia para conseguir jantar.
É o último dos últimos recursos.
Fortaleza, por exemplo, adotou. No Ceará, os casos explodiram e 97% dos municípios estão com risco alto ou altíssimo de contaminação.
Até mesmo o fechamento parcial, adotado na Paraíba, precisa ser acompanhado de medidas de apoio governamental.
Não basta decretar e fechar, ao poder público cabe subsidiar e criar condições mínimas para cumprimento dos decretos.
Intensamente pressionado pelos dois lados do debate, o governador João Azevedo rejeitou o lockdown, mas intensificou restrições, com foco no fim de semana, quando somente serviços essenciais permanecem abertos.
A decisão, referendada e estimulada pelo Ministério Público, foi de ampliar as ações restritivas, conciliando com oxigênio social.
O governo anunciou isenções de conta d’água para famílias carentes, bares e restaurante, incremento no cartão alimentação, distribuição de cestas básicas (com participação de igrejas).
Um amortecedor no prejuízo das empresas: parcelamento em 60 meses de ICMS atrasados.
Em princípio, o novo decreto se comunica com um raio significativo dos setores mais atingidos pelas medidas. Foi do social ao empresarial.
Apresenta a fatura dos sacrifícios, mas dá contrapartida. Pouco? Pode ser, mas um lenitivo num cenário em que quase todos estão perdendo. Uns mais e outros menos.
E, por mais que se debata e se politize o tema, numa pandemia – desafio de um século – só há um culpado: o vírus. Contra ele, enquanto não chega a imunização total, diminuir o contário é a vacina.