Eles quase não existem mais. Como animais fora do habitat, em pouco tempo (pouco tempo mesmo!) entraram em extinção. A espiral do fim dos jornais impressos continua engolindo veículos tradicionais. O Diário do Nordeste, de Fortaleza (CE), entrou na fila.
O periódico cearense só circula em papel até o fim do mês. Não morrerá, felizmente. O jornal sairá dos aparelhos para respirar na versão digital.
Há tempo de salvar o paciente, que já havia naturalmente migrado, a empresa do Grupo Edson Queiroz contratou consultoria e fez o dever de casa da transição.
Os dirigentes foram profissionais. Mantiveram vivos o paciente e a marca, uma das mais relevantes do jornalismo no Nordeste.
Para garantir sobrevida, as assinaturas migram e, somadas à publicidade, sustentam a engenharia.
O leitor do Diário do Nordeste vai fazer, definitivamente, o que já vinha executando no novo hábito de leitura. No lugar de ir às bancas ou esperar pela chegada do jornaleiro em casa, simplesmente tocará na tela do celular para o jornal se abrir aos seus olhos.
No caso do Diário, a nota triste é o efeito dos desligamentos e diminuição de empregos de jornalistas e de toda a cadeia de produção da notícia. Inevitável.
A comunicação vive as dores do parto, como assinala meu amigo e confrade Evaldo Costa. Vem nascendo à fórceps um novo jornalista, obrigatoriamente mais versátil e multitelas, e um novo mercado. Ambos estão condenados à mútua adaptação.