Engana-se quem pensa que a alcunha “mestre de obra”, que acompanhou José Maranhão desde quando exerceu o Governo da Paraíba, saiu de um apelo publicitário pensado e estudado para valorizar o perfil administrativo do político.
O apelido partiu da boca de um adversário, o que não é raro na política.
Por ironia do destino, Maranhão foi chamado de “mestre de obra”, pela primeira vez, por Cássio Cunha Lima (PSDB), então prefeito de Campina Grande.
A provocação saiu numa entrevista concedida pelo tucano, em sua casa, no Sítio Araticum (Lagoa Seca) ao jornalista Luiz Carlos Sousa, editor de O Norte, à época.
Indagado sobre Maranhão, Cássio tascou um termo que não era nem de longe no momento um elogio e que este ouvira do deputado Inaldo Leitão, em tom informal.
Numa grande edificação, “mestre de obra” é uma figura acessória. É uma espécie de encarregado e despachante do engenheiro, este sim o bam-bam-bam da construção civil.
A referência, portanto, soava a deboche e rebaixamento.
Bastou para no outro dia O Norte sapecar na manchete: “Cássio diz que Maranhão é um ‘mestre-de-obra'”. Repercutiu.
Aliados de Zé não se deram por vencidos. Pegaram a expressão e a incorporaram no sentido reverso, como elogio, marca, referência de realização.
Fizeram mais: acrescentaram o desenho de uma colher de pedreiro ao slogan. Cunha Lima facilitara o trabalho.
Assim, Cássio deu, sem querer, um título conceitual ao principal adversário daquela quadra histórica.
Anos antes, ele próprio vivera idêntico processo.
Na campanha de 1988 para prefeito, era tratado por Edvaldo do Ó como o “menino” de Ronaldo, numa clara tentativa de infantilização e diminuição da autonomia do jovem adversário.
A campanha cassista aproveitou o mote. Dalí em diante, Cássio assumiu o “menino”.
O poeta Amazan fez rima, Biliu de Campina fez música e Pinto do Acordeon profetizou: “Esse menino vai longe”!
As ironias da política.