Independente do resultado, vença Arthur Lira – o que é a tendência – ou Baleia Rossi, a eleição da Mesa da Câmara hoje marca definitivamente uma guinada do governo Bolsonaro.
Bafejado pela onda de ruptura que marcou sua eleição em 2018, o ex-capitão manteve a disposição de radicalizar com setores do Congresso e governou os dois primeiros anos tensionando.
Sempre que precisou, o presidente usou ao seu favor o ativismo bolsonarista para emparedar, intimidar e constranger poderes e adversários.
Os resultados não foram prósperos. Quando se deu conta, ele é que foi para o paredão.
Despertando para a realidade de que não governaria apenas com os cães de guarda eleitos na sua cauda, Bolsonaro agora aposta tudo na cooptação política e na formação de uma base para chamar de sua.
Recorreu à fórmula que vingou, com certo êxito, entre seus antecessores. Largou o radicalismo utópico e foi para pragmatismo real.
Nesse pacote, negociação política de cargos e liberação da moeda de troca eficiente na relação parlamentar: verbas no orçamento.
É assim que Arthur Lira, convertido a seu candidato, chega favorito na disputa com Baleia Rossi, o nome de Rodrigo Maia e da esquerda.
Bolsonaro decidiu jogar o jogo. Seja qual for o desfecho desta noite, nada mais será como antes para o bolsonarismo raiz.
E Brasília volta a ser como sempre foi.