Na política, não se bate em cachorro morto. Quem bate se arrisca a ser reprovado e, para o cachorro, apanhar depois de morto não fará a menor diferença.
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, a menos de uma semana de deixar o cargo, comemorou a abertura de inquérito contra o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde.
O general será investigado por omissão na crise provocada em Manaus pela falta de oxigênio hospitalar para pacientes com a Covid-19. Maia declarou:
“Pelo menos o ministro da Saúde já cometeu crime, eu não tenho dúvida nenhuma. A irresponsabilidade dele [ao falar] de tratamento precoce, de não ter respondido a Pfizer, de não ter se aliado ao Instituto Butantan para acelerar a produção da vacina [Coronavac], tudo isso caracteriza crime”.
Doenças cardiovasculares podem ser prevenidas e tratadas de forma simples
Vamos por partes. O garoto-propaganda do falso tratamento precoce foi o presidente da República. Por servilismo e ignorância no assunto, Pazuello secundou-o. Militar é formado para obedecer.
De fato, o Ministério da Saúde não respondeu à oferta de vacinas pela Pfizer. E quando o fez, usou desculpas esfarrapadas para recusá-la. Mas Bolsonaro foi quem o obrigou a isso.
Até os apontadores do jogo de bicho da Esplanada dos Ministérios sabem que Pazuello não se aliou ao Butantan porque (de novo) Bolsonaro o proibiu de dar tal passo. Afinal, era a vacina do Doria.
O que Pazuello fez de mal a Maia para que ele esqueça em quem deveria atirar? Repousam no fundo de uma gaveta da presidência da Câmara 56 pedidos de impeachment contra Bolsonaro.