Desde a sabatina no Senado que aprovou, em 19 de outubro, a indicação do novo diretor presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a imprensa velha e a tribo dos adoradores de Lula decidiram que Antônio Barra Torres seria apenas um dócil contra-almirante escalado pelo amigo Jair Bolsonaro para transformar a Anvisa num instrumento político a serviço do atual presidente da República. Por excesso de má-fé, faltou espaço para noticiar que a farda de Torres sempre conviveu amistosamente com o jaleco. Além de contra-almirante, ele é um médico com passagens relevantes pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, pelo Centro de Perícias Médicas da Marinha e pelo Centro Médico Assistencial da Marinha.
Na versão dos profissionais da desinformação, coubera ao militar a missão de algemar o médico. Obediente a Bolsonaro, Torres impediria o uso da Coronavac e retardaria até a entrada em cena da vacina Oxford-AstraZeneca encomendada pelo governo federal. O cortejo de suspeitas absurdas, acusações delirantes e pontapés na sensatez foi dissolvido neste domingo pela decisão unânime da Anvisa que liberou a utilização emergencial das duas vacinas contra a COVID-19.
Vale a pena transcrever um trecho do voto do doutor Torres, que se seguiu às linhas que saudaram o início da imunização dos brasileiros: “Que esse modesto júbilo, quase calado por tanto pesar e sofrimento, não seja um motivo de relaxamento das medidas de proteção individual e coletivas ora em curso. (…) A imunidade com a vacinação leva algum tempo para se estabelecer. Mesmo vacinado, use máscaras, mantenha distanciamento social e higienize suas mãos”.
O voto do diretor-presidente da Anvisa não causou qualquer dano à amizade que o liga a Bolsonaro. Só destroçou mais uma farsa concebida por gente que insiste em ignorar que a mentira invariavelmente acaba fulminada pelos fatos.
R7