Qual a diferença entre mineradoras que, por incompetência ou desídia, permitiram as tragédias em Brumadinho ou Mariana e as autoridades que, por omissão ou imperícia, cooperaram para a falta de oxigênio em hospitais de Manaus?
As primeiras são empresas privadas. Os últimos gente do poder público. Nos dois casos, responsáveis fogem das responsabilidades. Terceirizam. Transferem.
Até novembro do ano passado, ninguém da Vale e BHP Billiton tinha sido julgado, cinco anos depois do desastre da barragem da Samarco.
No caso de Manaus, autoridades, diretores de hospitais e empresas contratadas deixaram faltar oxigênio, no epicentro do enfrentamento de uma segunda onda de covid-19. Faltou o suprimento básico de funcionamento de uma UTI. É como uma ambulância sem combustível.
Nada cômico, tudo absurdamente trágico.
Ainda não se sabe, oficialmente, a conta exata do número de mortos. Mas, temos a dimensão do quadro desesperador. Além dos mortos, pelo menos 235 pacientes com estágio controlado da doença estão sendo transferidos para outros estados.
O botão de emergência de Manaus só foi acionado quando pacientes eram asfixiados e o colapso do sistema de saúde público no Amazonas decretado. Criminosamente tarde.
Uma tragédia tipicamente brasileira, cuja consequência presumida já sabemos de cor: ficará por isso mesmo até a próxima.