Lá pelo fim do século XIX, o lógico americano Charles Sanders Peirce formulou a doutrina segundo a qual uma ideia corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos. Nascia o pragmatismo.
Das escolhas para o seu pelotão de secretários ao discurso de posse, o prefeito Cícero Lucena (PP), de João Pessoa, se vestiu desse conceito na inauguração do seu terceiro governo.
Foi convencional ao acolher e abrigar indicações partidárias do seu arco de alianças, pintando de cores políticas tradicionais o seu primeiro escalão, ousando pouco nas chamadas apostas novas.
Preferiu as fichas que já jogou e miscigenou, em menor escala, com perfis técnicos.
Igualmente pragmático na abordagem do seu sóbrio discurso de chegada, lido perante os vereadores de uma Câmara Municipal aliada em quase sua inteireza, com tímidas ressalvas.
Das prioridades que elencou, Lucena salpicou tarefas tangíveis, como o anúncio de uma força-tarefa de pavimentação de ruas, e botou tijolo numa política de habitação social, com o pujante número de 11 mil casas, entre construção, reforma e regularizações. Dois problemas que a periferia se ressente.
Prometeu, ainda, com comitê técnico, enfrentar a pandemia sob o binômio conciliatório de vidas e empregos. Uma política estabilizante, digamos.
Sinalizou para relação amistosa com o governador João Azevedo, parceiro da empreitada vitoriosa em João Pessoa e com o Poder Legislativo, com quem tem trânsito fluído.
Talhou, enfim, o que intitulou de “Pacto com a Governança”, decretando “o fim das divisões políticas”, quebrando o retrovisor e projetando olhar para frente.
O pragmatismo puro, pensado por Peirce um século atrás, fala na tese de considerar o palpável.
Por isso, será comum o morador da cidade esbarrar com o novo prefeito tomando café nos bairros, antes de inspecionar e liderar equipes em serviço, como fez hoje no conjunto Cidade Verde.
Cícero começa apostando na presença do cotidiano e na mira de cuidados simples para resultados práticos. Mais convincentes do que teorias.