A exaustão com o pior ano de nossas vidas ou o amadorismo político, ou então as duas coisas juntas, levaram o governador João Doria (PSDB-SP) a atirar três vezes no próprio pé. Dada a curta distância que separa a mão do pé, acertou em cheio.
No dia em que anunciou novas medidas de isolamento social para combater a pandemia que cresce no seu Estado, mas não só ali, Doria, acompanhado da mulher, voou a Miami para descansar um pouco porque afinal ninguém é de ferro.
Deixou ao seu vice a tarefa de descascar o abacaxi. Deixou também o mau exemplo do general que abandonou sua tropa no momento em que a guerra recrudesce. E, como se isso não bastasse, na véspera do anúncio da taxa de eficácia da Coronavc.
Brasileiro está proibido de entrar nos Estados Unidos por causa da pandemia. Doria e a mulher entraram porque têm o privilégio de dispor de passaportes diplomáticos. Foi do que se valeu o ex-ministro Abraham Weintraub, da Educação, ao fugir para lá.
E como escapar da justa ou injusta acusação de que em Miami o casal celebraria as festas de fim de ano sem o rigor exigido aqui dos seus súditos? Não importa que Doria não tivesse essa intenção. É o que lhe seria atribuído por seus adversários, como está sendo.
De resto, no dia seguinte ao embarque, sairia publicado o ato em que o governo do Estado e a prefeitura de São Paulo poriam fim à gratuidade no transporte coletivo municipal e intermunicipal para idosos entre 60 e 64 anos. Coitado do vice de Doria!
Mais coitado depois que soube que contraíra o vírus. E que só daqui a 15 dias se saberá o verdadeiro grau de eficácia da Coronavac. Resultado: Doria mal pode respirar o ar fresco de Miami. Desembarca, hoje, em São Paulo para curar as feridas.
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