A disputa pelas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado é uma preliminar da eleição presidencial de 2022. No caso da Câmara, produziu uma união de parte do centro-direita com a totalidade da esquerda que parecia impensável, e que exigiu muita renúncia de parte a parte e habilidade extrema do seu condutor, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Deixou-se de lado a pauta de assuntos econômicos. Não haveria união possível caso ela fosse levada em conta. Um abismo separa a centro-direita da esquerda quando entram em jogo as reformas do Estado. Negociaram-se assuntos de outras naturezas – costumes, programas sociais, educação, cultura, preservação do meio ambiente, relações internacionais e combate à corrupção.
O que mais uniu os dois lados foi a defesa da democracia ameaçada por um governo que desrespeita a independência dos demais poderes e que tenta se fortalecer à custa deles. Esse parece ser o caminho capaz de tornar possível a reprodução dessa ainda frágil aliança daqui a dois anos – se não desde o início da campanha, mas ainda a tempo de disputar o primeiro turno.
Manifesto divulgado ontem e assinado pelo PT, PDT, PSB e PC do B, partidos de esquerda, destaca a certa altura: “Queremos derrotar Bolsonaro e sua pretensão de controlar o Congresso, um presidente criminoso, cujo afastamento é imperioso para que o Brasil possa recuperar-se da devastação em curso”. Maia não teria dificuldade em assinar embaixo.
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