A sina de um blogueiro – Heron Cid
Crônicas

A sina de um blogueiro

15 de dezembro de 2020 às 11h14 Por Heron Cid

Me dei férias. O novo estilo de vida profissional, resultado de renúncias de empregos em veículos de comunicação, diga-se, permite.

O fato de contar na retaguarda do Portal MaisPB e no Programa Hora H, na Rede Mais Rádio, com uma equipe qualificada também ajuda ao ‘luxo’ nem que seja por alguns dias.

Mas, “confesso abestalhado”, tal qual Raul Seixas, “que estou decepcionado”.

Porque, apesar de absurdamente necessitado, tenho perdido feio a tarefa que me impus de desligar a tomada do trabalho.

Uma semana off, longe da ‘base’ e recluso em lugar especializado em ócio, perdi quase todo dia a batalha para o vício de escrever e manter diálogo digital.

Entre um mergulho de piscina e uma rede, o computador olha-me atrevido e sedutor. E as notícias aos montes beliscam maliciosamente, Tento desviar a atenção e fingir que não vi e me pego, de repente, olho no olho, acariciando suas teclas e completamente entregue.

O pacote ainda vem com o terrível celular, esse aparelhinho que inventaram de inventar para tirar o sossego da gente. No meu caso, ele serve para espalhar as boas novas do Blog. Nem sempre tão boas assim..

E o ciclo se repete para o protestos pouco amistosos de Marly, a quem ostensivamente reivindiquei descanso mútuo, e as frases/apelos de meu caçula, Benjamim, sempre alertando com a sabedoria dos seus cinco anos: “Papai, não é hora de tabaiar”!

De sexta pra cá, fiz esforço máximo. Juro. Aguentei em silêncio a nova leva de secretários de Cícero Lucena, o tumulto da guerra da vacina, os movimentos políticos de Aguinaldo Ribeiro e represei, pelas minhas contas, ao menos três crônicas que a sensibilidade me sugeriu.

Cá, estou, mesmo de férias, em profunda recaída. Sinto-me no dever de avisar aos colegas de profissão que pensam em se meter com a atividade diária de blog: do rádio, até vou aguentando bem, mas a abstinência do vício das palavras escritas é sofrida. É fissura para internação.

Sigo em frente tentando e conciliando a minha necessidade de parar com a de atualizar. Ora peço perdão a minha mulher. Ora peço desculpas a você que me lê agora.

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