O oriental, no geral, é cauteloso na avaliações históricas ao ponto de, ao ser inquirido sobre o que seu país pensava sobre a Revolução Francesa, um embaixador japonês dizer que o episódio era razoavelmente recente para um parecer sensato. A entrevista foi nessas últimas décadas recentes. A Revolução Francesa, como se sabe, data do século 18. Duzentos anos antes da pergunta.
Nas urgências do jornalismo, tudo é emergência. Uma semana depois do fechamento das urnas do segundo turno é período já distante para dissertação sobre o desempenho do radialista Nilvan Ferreira, segundo colocado. Nada a ver, óbvio, com o ambiente iluminista e a queda da Bastilha, de 1.789. A digressão é só defesa do Autor do Blog para uma análise sem poeira no ar.
Pode-se dizer muito. Que o ascendente comunicador de Cajazeiras foi longe demais para suas condições pessoais e políticas. Que ele aproveitou e transitou bem na avenida aberta do cenário local e garimpou na carência notória do pessoense por novas lideranças e esperanças. Isso no caderno das notas positivas.
Ou que – para não dizer que não falei de espinhos – errou no segundo turno pela incapacidade política de juntar adesões realmente relevantes (Luciano Cartaxo, Ruy Carneiro e Wallber Virgolino) ou – na ausência delas – por não ter radicalizado no discurso de distanciamento dos políticos tradicionais, como estrategicamente ensaiou no primeiro turno. E ainda – bem mais – pelos ares de superioridade como se apresentou ao público no confronto com um adversário de feições franciscanas.
O fato é que o desempenho eleitoral acima dos 160 mil votos (a chegada ao segundo turno enfrentando nomes nada desprezíveis) é o que fica. Bem como a escolha tática de ter puxado um debate visceral, duro, pelejado e belicoso, até mesmo quando as urnas se fecharam no discurso pós-derrota, sem espaço para armistício, boa sorte ou as diplomacias de que se espera dos de fora da política.
De outsider, Nilvan agora tem posse de todas as credenciais de político. Passaporte que carimbou – em discurso inflamado – quando se candidatou, de novo, à fiscal da gestão do vencedor. Pelo lastro da urna e tom verbal, naturalmente uma nova disputa está no seu caminho e 2022 é logo ali. Ferreira deixou o mundo do jornalismo e pisou irreversivelmente nos tapetes dapolítica. É a consumação da sua escolha de vida. Corajosa, por sinal.