(Recife-PE) – Até que ponto a contrapropaganda poderá influenciar no resultado das eleições de domingo revertendo os números até agora favoráveis à candidata do PT, Marília Arraes, segundo todas as pesquisas? Olhando para o passado e para a história recente das eleições de Pernambuco e do Recife, essa teoria cai por terra. Até porque Recife é uma cidade rebelde, cujo eleitor não se engana por panfletos apócrifos ou inserções veiculadas no rádio e na televisão.
Também não acredito que debates sejam suficientes para transferir votos, pois ocorrem quando o povão está no trabalho sem condições de acompanhar ou ligado em outro canal de televisão de maior audiência. Em 1988, nas eleições do Recife, tendo de um lado Marcos Cunha, do PMDB apoiado pelo então prefeito Jarbas Vasconcelos e o governador Miguel Arraes, e de outro Joaquim Francisco, do PFL, as vésperas do pleito houve um derrame de panfletos e adesivos, botons com a imagem de um Dedo Duro tentando associar Joaquim a um delator da Ditadura Militar.
A contrapropaganda fracassou. Na eleição de Jarbas Vasconcelos ao Governo de Pernambuco, cujo adversário era Miguel Arraes, que tentava se reeleger mais contrapropaganda pesada insinuando que Jarbas era um péssimo filho e que teria batido no pai. Também não vingou. Agora a vítima da contrapropaganda é Marília Arraes, atacada em todas as frentes: com panfletos sórdidos distribuídos defronte aos templos evangélicos. Nas redes sociais é chamada de maconheira e defensora do aborto.
Enfim, tentam demonizá-la numa tentativa de reverter os números que indicam ser ela a primeira mulher a ocupar o cargo de Executivo Municipal do Recife. Alguns analistas políticos acreditam que se persistirem as acusações no horário eleitoral de que ela teria funcionários fantasmas no seu gabinete podem influenciar o eleitor a mudar de voto.
Dificilmente isso ocorrerá pelos seguintes motivos: quem é do PT ou acompanha o partido permanecerá com Marília; quem está contra a péssima gestão de Geraldo Júlio ou desapontado diante dos escândalos dos respiradores de porcos e outras irregularidades, não vota em João Campos. Os eleitores radicais de direita que votaram em Mendoncinha ou na delegada tenderão a anular ou votar em branco.
Analisando o quadro, Marília ainda fica na dianteira provando que foi o tempo que contrapropaganda mudava os rumos de uma eleição na reta final. Melhor exemplo é que não deu em nada a tentativa dos marqueteiros de João Campos em associar Marília à executiva nacional do PT. O efeito foi ao contrário.
Blog do Magno Martins