O poder pelo poder (por Magno Martins) – Heron Cid
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O poder pelo poder (por Magno Martins)

9 de novembro de 2020 às 08h00 Por Heron Cid

(Recife-PE) – O estranho, forçoso e inexplicável apoio virtual do presidente Bolsonaro à candidatura de Patrícia Domingos, à Prefeitura do Recife, não passa de uma ópera-bufa mal acabada. Ópera-bufa é um termo usado na Itália para obras teatrais cômicas. No fundo do poço, próximo a sair das urnas como lanterna entre os quatro principais postulantes, a delegada recorreu, desesperadamente, à corda da salvação bolsonarista. Um tremendo tiro no pé. Vai morrer afogada, junto com Bolsonaro e Gilson Neto, seu padrinho, de quem tanto falou horrores.

Líder em rejeição, já tendo ultrapassado João Campos (PSB), Patrícia renegou a vida inteira sua alma bolsonarista temendo contrair a altíssima antipatia do eleitorado recifense ao presidente. Adorava bajular Sérgio Moro quando a ex-palmatória do mundo estava em alta, mas sempre negou aproximação e até admiração por Bolsonaro, perfil de político oportunista e carreirista.

O socorro de Bolsonaro, portanto, é uma comédia dantesca. Se o objetivo foi a salvação, o tiro pode sair pela culatra. Bolsonaro, além de gigante em rejeição, não tem poder nem varinha mágica para passar uma borracha na cabeça dos recifenses apagando as agressões da delegada, que chamou o povo de feio e classificou a capital pernambucana de Recífilis, enquanto dizia que o Rio, de onde veio, era paraíso, lugar de gente linda.

O apoio virtual de Bolsonaro se traduz, também, por uma velada agressão ao Recife. É como se o presidente estivesse pactuando com todas as agressões da delegada ao povo sofrido do Recife, atacado por ela. A chegada de Bolsonaro ao palanque da delegada afasta, consequentemente, seu principal partido aliado, o Cidadania. Em nota, o presidente nacional da legenda, Roberto Freire, jogou a candidata aos leões e orientou o presidente estadual, Daniel Coelho, a trilhar o mesmo caminho. Só resta saber se o partido vai mandar o candidato a vice, o enrolado Léo Salazar, bancado por Daniel, renunciar.

Ficou claro que a delegada não tem ideologia nem respeito aos partidos aliados. Jogou na lata do lixo o discurso antibolsonarista de Daniel, a quem tanto lhe deu a mão. Uma demonstração de que para chegar ao poder ela vende até a alma. O limite é do seu umbigo para baixo. Mas Recife não dá asas a imaginações dessa natureza. Seu eleitorado é sabido, consciente e rebelde. Já está sabendo que o jogo dela é o poder pelo poder.

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