(Recife-PE) – A subida impressionante na taxa de rejeição da candidata do Podemos à Prefeitura do Recife, Patrícia Domingos, hoje somente abaixo do candidato do PSB, João Campos, tende a ser, também, uma espécie de repulsa do eleitorado aos políticos que se apresentam como paladinos da ética e da moralidade e que, chegando ao poder, se lambuzam. Há casos bem fresquinhos no Brasil que saíram das urnas do pleito de 2018. Um deles é o do governador do Rio, Wilson Witzel, ex-juiz federal, que fez campanha como palmatória do mundo e já está afastado do cargo por corrupção.
Mesma situação se aplica ao governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, já também afastado, por envolvimento num caso assombroso de aumento salarial dos procuradores do Estado. O catarinense é igualmente da área jurídica, tendo sido renomado advogado. Um pouco lá atrás, o então senador Demóstenes Torres, senador pelo DEM de Goiás de 2003 a 2012, que chegou ao Congresso sendo promotor de Justiça, enganou como arauto da moralidade por muito tempo até ser flagrado com a mão na botija das malandragens.
Foi cassado por decoro parlamentar, acusado de ligação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Falante, tribuna invejável, Torres mais parecia um justiceiro. Desconfie desses. De cada dez políticos brasileiros que se apresentam como paladinos da ética, nove são farsantes, oportunistas, aventureiros, embustes. Na campanha, se alimentam da desinformação das pessoas e, sobretudo, do ódio aos políticos partindo dos segmentos menos informados. Não há um País, hoje, em que os políticos estejam em alta.
Por isso, até em países de primeiro mundo surgem os chamados senhores soluções, que têm saída para tudo, o remédio anticorrupção. Trata-se de uma categoria cujo discurso se aproxima muito do que vem sendo pregado pela delegada no Recife: estimular o ódio nas camadas mais pobres da população em relação aos políticos para depois surfar no próprio ódio. Num tempo de pandemia, as máscaras têm, literalmente, mascarados os políticos. É preciso ter muito cuidado. Desconfie dos discursos de laboratório, das saídas mirabolantes, você pode estar diante de um farsante.
A máxima de que políticos são corruptos, sem exceção, é uma ideia que tomou força na sociedade corroborada, sobretudo, por essa gente. A palavra corrupção tem sido naturalmente associada a políticos. Políticos são corruptos, essa afirmação é quase natural, mesmo que sejam admitidas exceções. E dessa corrupção provém miséria e caos social. Mas o que é um corrupto?
Sem grandes enrolações, corrupto é o que rouba dinheiro, ou leva vantagem indevidamente. É o que explora, leva a melhor. É, também, o que mente, o que engana, o que se apresenta como lobo em pele de cordeiro. Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter. Os paladinos, a história está rica de exemplos, são desprovidos de ética e caráter.
Como presidente do seu coração, faça do seu voto uma faxina ética, mandando embora todos os enroladores, mentirosos, falsos, traiçoeiros e paladinos da ética. Pode-se fazer política com ética e respeito ao cidadão. Para tal, basta ter decência.
Blog do Magno Martins