(Recife-PE) – Recife é uma cidade rebelde, já profetizou Agamenon Magalhães, esfinge da política pernambucana, um matuto que veio de Serra Talhada desvendar a cidade grande. Ele, Miguel Arraes, Pelópidas da Silveira, Liberato Costa Júnior e Augusto Lucena conheciam como ninguém o arcabouço político da Recife revolucionária, a Recife da Insurreição Pernambucana, da Guerra dos Mascates, da Revolução Pernambucana, da Convenção do Beberibe, da Confederação do Equador.
Pernambuco, graças ao espírito patriótico do seu povo, declarou independência antes do Brasil. Em nenhum lugar a revolta foi tão contundente como nas cercanias de Olinda e Recife. Entre 1817 e 1824, a província se manteve em estado de rebeldia constante, tornando-se uma pedra no sapato do rei português dom João VI e, depois, do imperador brasileiro dom Pedro I. Mas o que Pernambuco tinha de tão diferente?
Para começar, entre 1630 e 1654, a então capitania tinha sido governada pelos holandeses. Os invasores foram expulsos pelos pernambucanos, que, em vez de proclamar independência, optaram por voltar a ser colônia de Portugal. Ao fazer isso, eles se sentiram senhores do seu próprio destino. Pernambuco estaria submetida à Coroa por opção.
O resto dessa história todo mundo sabe, menos a delegada Patrícia Domingos, candidata do Podemos a prefeita do Recife. Se soubesse que Recife não aceita insulto, nem leva desaforo para casa, jamais teria cometido a indelicadeza de chamar seu povo de feio, de sugerir que a cidade é a capital da transmissão de uma doença venérea, a Sífilis. Jocosamente, postou na suas redes sociais que estava chegando a Recífilis, onde passou no concurso de delegada e por aqui mora há apenas oito anos.
Suas brincadeiras de mau gosto, como ela própria admitiu numa entrevista a Isly Viana, da TV Clube, que lhe aplicou uma tremenda saia justa, desapontaram, em pouco tempo, um percentual de eleitores que se animava a votar nela, porque seu discurso é ilusório apenas para quem não a conhece a fundo: combate à corrupção. Quem combate corrupção também combate privilégios.
O que não é o caso dela. A delegada está há mais de seis meses sem trabalhar. Ganhou uma licença prêmio, já vencida, mas insiste em praticar teletrabalho de casa, alegando ser do grupo de risco da pandemia. É do grupo de risco para não dar expediente na delegacia, mas não é para fazer campanha, inclusive flagrada sem máscara de proteção em algumas ocasiões.
Os açoites da delegada começam a incutir na população do Recife, conforme atestou o levantamento do Instituto Opinião abaixo, a certeza de que a cidade não se dobra ao discurso fácil de aventureiros, de oportunistas como ela, de discurso mofo, sem consistência. Na verdade, como eleger uma prefeita que não sabe distinguir sequer o Vasco da Gama de Dois Unidos?
Uma pessoa de vez em quando tropeça sobre a verdade, mas na maioria das vezes se levanta e continua andando, o que não é o caso da delegada, que insiste em negar a mais violenta agressão que o povo do Recife recebeu de uma estrangeira, uma forasteira de sotaque carioca. Não seja tola, delegada, Recife é rebelde, orgulhosa, só se curva para agradecer. Ruy Barbosa já disse que não há nada mais relevante que a formação do sentimento de justiça. O recifense, não sabe igualmente a delegada, não se deixa intimidar pelo escárnio de pessoas de natureza agressiva como a dela.
Blog do Magno Martins