As igrejas, no geral, sempre conviveram com o tabu da participação (ou não) na vida política. O tema ficou muito tempo naquele universo do proibido ou, no mínimo, receoso.
Sou dos que advogam a tese de que líderes religiosos, a despeito do seu compromisso primeiro e último com a fé e com Deus, devem e precisam ter posições políticas.
E isso não significa misturá-las com religião. Pelo contrário, é a separação de cada coisa. Cristãos, ou adeptos de qualquer credo, são também cidadãos.
Dos cidadãos e dos crentes espera-se uma atitude diante dos desafios sociais e pessoais. Ambos exigem escolhas, opções e renúncias.
Se é legítimo a existência da bancada dos ateus, por exemplo, por que é condenável e passível de crítica bancadas evangélicas, católicas, espíritas, umbandista, se todas representam um segmento social?
Por diversas vezes, aqui neste espaço, o nome do procurador da Fazenda Nacional, Sérgio Queiroz, líder da Igreja Cidade Viva, cuja condução projetou-a para influência social e inserção cidadã na vida pessoense.
Queiroz esteve durante boa parte dos últimos meses na expectativa do rol da invasão dos outsiders na eleição de João Pessoa. Não foi.
Secretário do Desenvolvimento Social, do Ministério da Cidadania, Sérgio Queiroz, entretanto, fez e publicou sua opção pessoal. Teve o cuidado de sabiamente frisar: não é apoio institucional e nem demonização dos demais postulantes.
No leque de 14 candidatos, escolheu Raoni Mendes (DEM) como aquele em que deposita a mesma confiança que parcela significativa da cidade esperava creditar no próprio pastor nas urnas.
Para o católico Raoni, o apoio do respeitado evangélico Sérgio Queiroz chega como um bom sinal, num tempo em que os religiosos começaram a perceber o tamanho do preço que a omissão cobra.