Os “pontos finais” decretados por Jair Bolsonaro não são definitivos, conforme já amplamente demonstrado nos vários episódios em que o presidente mudou de posição de acordo com as circunstâncias e conveniências. Mudará também na questão da compra da vacina se a CoronaVac, de origem chinesa, sair primeiro e tiver sua eficácia comprovada.
Bolsonaro é um pragmático. Deu ouvidos aos fiéis das redes sociais, mas, assim como deu eco a eles quando daquelas manifestações golpistas e recuou quando a coisa ficou feia para o lado dele, recuará na vacina caso a conta custo-benefício não o favoreça.
Pensará, por exemplo, no que teria sido dele se não tivesse aceitado, e até aumentado, o auxílio emergencial maior que o inicialmente proposto pelo governo apenas para não dar cartaz ao Congresso. Acabou levando a vantagem sozinho. Em relação à vacina também dará um jeito de virar a situação a seu favor não deixando que o governador João Doria desfrute sozinho da condição de padrinho do imunizante.
Pensará em como Donald Trump se enrolou com a pandemia justamente quando o bom curso da economia o levava a uma reeleição certa. Pensará também em como foi providencial ter se desenrolado dos ataques ao Supremo e ao Congresso e pensará principalmente em como poderá se enrolar caso se recuse a autorizar a compra da vacina que poderá ajudar a população a se livrar das restrições impostas pelo medo da doença.
Por essas e outras pensará duas vezes e não hesitará em transformar o ponto final em reticências.
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