Como ninguém estava ali para fazer um interrogatório de verdade, nem ele para saciar a curiosidade alheia, só restou uma pergunta que o desembargador Kassio Nunes Marques, o novo ministro do Supremo Tribunal Federal, não soube ou não quis responder ao longo de 10 horas de sabatina: o que sua mulher, empregada no Senado desde 2011, faz por lá afinal?
À pergunta do líder do Cidadania, o senador Alessandro Vieira (SE), Marques respondeu literalmente assim:
“Agora, o trabalho que ela desempenha, eu sabia, não sei lhe dizer… É alteração de gabinete toda hora… Mas o que eu sabia que fazia é exatamente… Essas respostas… Porque é vindo de lideranças, de questionamentos ao gabinete. Eu não sei se é o que ela desempenha, absolutamente”.
Não foi uma sabatina, mas um ato de exaltação ao substituto do ministro Celso de Mello que se aposentou. “Não posso deixar de elogiar a escolha que o presidente fez do desembargador. É homem preparado, culto, dedicado, tem todas as condições de exercer não só o cargo que já exerce, de magistrado, mas também ocupar a vaga no STF”. (Antonio Anastasia, PSD-MG)
“É uma grande e oportuna indicação que, com certeza, elevará a nossa corte superior”. (Renan Calheiros, MDB-AL, ex-presidente do Senado, processado pelo Supremo, que destacou a “exposição inicial irretocável” feita por Marques, dono de “espetacular cultura geral e formação jurídica inquestionável”. Renan aproveitou para criticar os excessos da Lava Jato).
“Não quero fazer perguntas. Aqui, já foram feitas até demais”. (Weverton Rocha, PDT-MA, que não resistiu a dizer que um “filho humilde e pobre lá do interior do Piauí pode, sim, sonhar e chegar ao STF”.) “A sua indicação, para o nosso Estado, vem num momento muito importante. É de orgulho que nos enche hoje, e não só o Piauí, mas o Nordeste”. (Ciro Nogueira, PP-PI).
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