A prisão de Chico Rodrigues (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

A prisão de Chico Rodrigues (por Magno Martins)

16 de outubro de 2020 às 11h10 Por Heron Cid

(Recife-PE) – De origem pernambucana, com família ainda no Recife, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com R$ 30 mil na cueca numa operação da Polícia Federal em Boa Vista, capital do seu Estado, arranha a imagem do Governo Bolsonaro por ser vice-líder no Senado. A natureza do escândalo, entretanto, está, pelo menos por enquanto, fora da órbita do Governo.

Com a distinção da vergonhosa área encontrada para esconder o dinheiro, dentro das calças, reproduzindo o que se passou no Governo do PT com um assessor do atual vice-presidente nacional, José Guimarães (CE), o caso tem semelhanças ao que se passou no Rio, no Pará e em várias capitais, entre elas Recife: dinheiro federal destinado ao combate à pandemia do coronavírus desviado, seja por compras mal-assombradas, seja por falcatruas outras.

O escândalo, portanto, não envolve o Governo Federal. A malversação se dá em Roraima, não se sabe ainda se pelo Governo do Estado ou Prefeitura de Boa Vista, ou ambos. A União atua, neste caso, apenas como ator do repasse, porque o dinheiro desviado e supostamente encontrado na cueca de Chico tem carimbo federal. A oposição, porém, quer carimbar o episódio como o primeiro grande escândalo da gestão Bolsonaro.

Chico, que se apressou em entregar o cargo, é o segundo a deixar o cargo no Senado desde o início da gestão Bolsonaro. Em março de 2019, o presidente nomeou quatro senadores para sua tropa de choque. Além de Rodrigues, amigo de mais de duas décadas, foram escolhidos Eduardo Gomes (MDB-TO), Elmano Férrer (Progressistas-PI) – na ocasião filiado ao Podemos –, e Izalci Lucas (PSDB-DF). No mês passado, Izalci deixou a função após votar contra governo no veto ao reajuste salarial para servidores públicos. Nenhum parlamentar foi nomeado para o seu lugar.

Apesar de Bolsonaro tentar se desvincular do senador após a Polícia Federal flagrá-lo com R$ 30 mil na cueca, ele é tido como um político da extrema confiança do Planalto. Além de empregar no gabinete Leo Índio, primo dos filhos do presidente, no ano passado, Rodrigues foi escolhido para ser o relator da indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Blog do Magno Martins

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