Efraim Morais entrou na política quase por acaso. Na década de 80, o candidato do clã de Inácio Bento era Joácio. O jovem médico desistiu. A missão recaiu para o recém-formado engenheiro, que topou.
Foi de deputado estadual a senador da República.
Sem mandato e realizado na ascensão do filho de mesmo nome, deputado federal e líder do DEM na Câmara, o velho Efraim – de cabelos já totalmente prateados – passa grande parte do seu tempo nos últimos meses na Fazenda Santa Joana, zona rural de Santa Luzia, sua terra natal, pedaço de chão que testemunhou grandes decisões políticas.
Ao longe, quem o vê com seu cajado tangendo gado entre mato seco e arbustos, pode até pensar estar diante da miragem de um ermitão. É o costume sertanejo de acordar com os galos e tirar lei de vaca antes do sol desvirginar a manhã.
Além da reminiscência afetuosa familiar, a Fazenda tem sido abrigo para uma missão a que pessoalmente se destinou: ajudar Ademir Morais, ex-prefeito e ex-deputado, neste 2020.
“Essa é a eleição da minha vida”, sentenciou Efraim em conversa despretensiosa com o Blog, antes das convenções.
Por que quem já foi quase tudo na política, presidiu o Congresso e até enfaixou Lula na Presidência da República, diz isso com ar profético?
A eleição em curso tem o desafio da retomada do prestígio político na emblemática Santa Luzia, fonte seminal que gerou frutos para muito além do Vale do Sabugi.
Mas, para Efraim há um significado pessoal e afetivo a mais.
O pleito carrega também a oportunidade de, na luta do regresso, segurar a mão de um primo-irmão com quem dividiu até pranto de sangue derramado e luto, numa parceria de décadas de histórias e batalhas políticas.