Desde as últimas horas, o PT de João Pessoa está oficialmente sob intervenção. A medida, antipática por natureza, foi a última fórmula da direção nacional de fazer valer a imposição de apoio à candidatura de Ricardo Coutinho (PSB) e a defenestração da postulação própria, via Anísio Maia.
A medida é a cartada vertical para viabilizar um acordo nacional com o PSB, que retirou a candidatura de Lídice da Mata, em Salvador, para apoiar Major Denice (PT), a candidata do petista Jaques Wagner (PT).
Na capital soteropolitana, coube ao PSB indicar a vaga de vice. Em troca, os socialistas cobraram fatura em João Pessoa na forma de adesão.
Derrotada na luta política interna, sem convencimento da militância e com revezes jurídicos na primeira e segunda instância, a direção nacional petista apelou para a providência cartorial.
Logo após o decreto de intervenção para destituir os “companheiros” eleitos para o diretório municipal, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, saiu-se com esta pérola:
“O PT sempre tratou democraticamente as divergências internas, mas temos um compromisso nacional com a transformação do país, que passa pelas eleições municipais, inclusive em João Pessoa. É na política que se constrói a caminhada e o projeto, e não apelando para ações judiciais em que outros interesses predominam. Vamos com Ricardo (Coutinho) até a vitória”.
Para Gleisi, a intervenção goela abaixo é uma medida ‘democrática’ para quem diz que é “na política que se constrói a caminhada”.
Tanto o PT nacional quanto Coutinho argumentam em defesa de uma candidatura de luta pela “democracia”, num contraponto ideológico a Bolsonaro.
Em um ano, o PT é o segundo partido paraibano a passar pelo autoritarismo da intervenção. O primeiro, em agosto do ano passado, foi o diretório estadual do PSB, a pedido de Coutinho, e agora o PT para atendê-lo.
Ambos da esquerda e do chamado campo popular “democrático”…